Crítica: Os Miseráveis

É relativamente fácil entender o porquê de “Os miseráveis” ter recebido tantas indicações ao Oscar. Dificilmente quem o vê, considera ele um musical, apesar de ser um. Isso fica claro desde o inicio quando temos Javert (Russell Crowe, muito bem por sinal), comandando uma fila de presos acorrentados, entre eles Jean Valjean (Hugh Jackman, no melhor momento de sua carreira) que o afronta e consegue fugir da prisão. Essa 1ª cena, tem um impacto visual e emocional muito grande, pois, ao primeiro contato com os personagens, não se espera tanta entrega física por parte dos atores, e principalmente, o trabalho com a voz dos mesmos. Apesar de existirem “falas”, todas elas são “cantadas”, e mesmo assim em momento nenhum se perde a arte dramática de atuar (“Moulin Rouge” que o diga).

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Assertiva que ganha ainda mais força no desenrolar da
trama, quando Fantine (Anne Hathaway, fantástica) canta como o último suspiro
de sua vida “I Dreamed a Dream”. Mesmo em se tratando de uma canção, é
impossível não se emocionar com a sua atuação e sua voz (que desafina sim, mas
qual o problema?) que tornam ainda mais forte a personagem e a sua história. É
esse tom real e sempre dramático, que o aproxima mais de um drama, e o
distancia de um musical (mas nunca perdendo sua essência). A estética visual
por vezes pode ser supérflua, como um mero atrativo e não necessariamente com a
função de impulsionar a trama, como por exemplo, a cena em que Fantine tem
conhecimento de ter adentrado a “zona” onde trabalham as prostitutas..

O roteiro, portanto, tem papel crucial para o perfeito
desenrolar das tramas, desde o ressurgimento de Jean, anos depois de ter fugido
da prisão, como prefeito de uma cidade na França, até a maneira pela qual o
mesmo Monsieur, encontra Fantine e a
ela faz uma promessa. Sendo assim, a história é muito bem elaborada e sem
excessos, o que é difícil de encontrar em um musical. Tecnicamente também são
imperceptíveis os erros, na maioria de continuidade, fora isso, tanto a
fotografia quanto a edição se destacam, por conseguirem se adaptar a cada
momento e personagem que a trama retrata..

Em geral todo elenco é muito bom, Jackman e Hathaway, como já foi dito, estão ótimos, mas quem surpreende é Samantha Barks, que interpreta de forma intensa e bastante emocionante Eponine. Mesmo que coadjuvante, a atriz praticamente toma conta de todo o 2º ato do filme, e acaba encobrindo outras atuações muito boas como Amanda Seyfried como Cosette e bem como Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen, como Madame e Monseieur Thénardier. As vozes podem não ser muito agradáveis de inicio, mas melhoram e muito se levarmos em conta que simples falas foram cantadas, o que gera uma dificuldade ainda maior para interpretação dos atores.

Tom Hopper pode não ganhar o Oscar de melhor diretor nesse ano, mas explora e inova em um nicho que parecia não ter nenhuma novidade e, além disso, acrescenta alguns elementos que tornam o filme muito mais um drama do que um musical.

5 DONUTS                                             Excelente

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