“Enfrente seus medos e tente, ou não, sobreviver até o amanhecer”.
Um ano após o misterioso desaparecimento de duas irmãs, seus amigos retornam ao local onde a tragédia ocorreu com o objetivo de se reunirem para tentarem se recuperar do acontecido.
Essa é a premissa básica de Until Dawn, um jogo de horror e sobrevivência desenvolvido pela Supermassive Games e lançado exclusivamente para PS4 em setembro de 2015, que traz como principal atrativo um sistema onde as escolhas do jogador definem o curso da história e o destino de cada um dos 8 personagens principais.
Grande Homenagem
A história começa em um epílogo há 1 ano, no chalé da rica família Washington localizado na montanha Blackwood onde parte do grupo de jovens protagonistas estão prestes a pregar uma peça em Hannah Washington, filha dos proprietários.
Envergonhada pela brincadeira de mau gosto dos “amigos”, a garota corre para a floresta sombria e sua irmã, Beth, a segue, onde algo acontece e as duas nunca mais são vistas.
De volta ao presente Josh, irmão de Hannah e Beth, convoca os outros 7 personagens para retornarem à montanha em uma tentativa de superarem a tragédia. A partir daí, a história se desenrola e o grupo de jovens passa a enfrentar estranhos acontecimentos e se vê em situações de vida ou morte.
A história e seus personagens podem parecer seguir os maiores clichês dos filmes de terror, e, acredite, isso é totalmente intencional por parte dos desenvolvedores.
Logo no inicio o jogador já pode identificar os estereótipos do gênero em cada personagem, onde temos o cara metido a garanhão, a loira burra, o cara negro, o metido a engraçadinho etc.
De cara pode-se sentir como se praticamente todos os personagens fossem dispensáveis, principalmente após os acontecimentos do epílogo.
Porém, conforme a história avança, o jogador verá que nem tudo é preto no branco, e suas escolhas podem, ou não, definir o quão interessante e profundos os personagens e suas relações se tornarão.
Com o tempo, o jogador pode se ver tão apegado a certos personagens, que realmente terá medo de perde-los, afinal, em Until Dawn pequenos erros podem ser fatais e custar as vidas dos personagens.
Os extras do jogo mencionam Psicose de Alfred Hitcock e O Iluminado de StanLey Kubrick como grandes inspirações para o jogo, mas acredite, o jogo consegue prestar homenagem a vários outros filmes do gênero de horror com mestria, tais como Sexta-Feira 13, Haloween, Evil Dead e Jogos Mortais.
Falando assim o jogo pode parecer uma grande salada de clichês de horror, mas não se engane, tudo se encaixa muito bem na história de tirar o fôlego e repleta de sustos e reviravoltas.
Realismo assustador
Os desenvolvedores tiveram muito cuidado para que a experiência fosse o mais realista possível, a começar pelos protagonistas que tiveram suas feições criadas a partir de atores reais tais como: Brett Dalton (Agents of SHIELD) como Mike, Hayden Panatierre (Heroes) como Sam e Rami Malek (Mr. Robot) como Josh. O nível de detalhes sutis no rosto de cada personagem é impressionante, seja em momentos descontraídos ou de tensão.
Mas não é só nos personagens que o nível de detalhes impressiona, pois os cenários também são de encher os olhos.
Passando pela floresta, minas e até um sanatório abandonado, cada cenário e os sons que se ouve neles (tais como galhos quebrando, goteiras ou portas rangendo ou batendo) ajudam a criar o clima sombrio e macabro necessário para que o jogador fique com medo de cada passo dado para adentrar os ambientes macabros.
Suas escolhas, sua história
O grande chamariz do jogo é o sistema chamado “Efeito Borboleta”, sendo uma expressão real utilizada na chamada teoria do caos que basicamente significa que, “a mais pequena das ações pode gerar grandes consequências no futuro”.
Através deste sistema de escolhas, o jogador decide como cada personagem irá reagir de acordo com determinada situação; se será corajoso ou amedrontado, confiante ou não, etc. Essas escolhas moldarão os personagens e as relações entre eles, além, é claro, de definirem o rumo de sua história e o destino final de cada um deles.
Cada personagem possui barras de sentimentos e relações com os outros personagens que irão aumentar ou diminuir, claro, de acordo com as escolhas do jogador.
Essas barras podem parecer insignificantes, mas elas têm valor ao afetar outras ações no jogo. Por exemplo, se o jogador chatear alguém em certo momento, mais tarde este personagem pode não se dispor a fazer um favor ou concordar com o personagem que o chateou.
Indefeso
É assim que o jogador se sentirá na maior parte do jogo, completamente indefeso e a mercê do mal à espreita.
Em certo ponto do jogo, caso tenha se construído apego aos personagens, o jogador terá medo de cada passo e cada escolha dada, pois em alguns momentos basta um pequeno erro para que o personagem em questão morra, criando assim um sentimento de tensão cada vez maior conforme o jogo avança.
E isso não é tudo, pois assim como os protagonistas, o jogador passa grande parte da história sem saber o que exatamente está enfrentando, o que ajuda muito, a aumentar o clima de tensão.
Explorando a Escuridão
Além de tomar decisões pelos personagens, a outra coisa que mais se fará em Until Dawn é explorar (e muito) ambientes macabros e pouco iluminados. Mas não se preocupe, os personagens (quase) sempre estarão usando algo pra iluminar um pouco os ambientes.
O jogo praticamente obriga a explorar, pois essa á a única maneira de encontrar pistas para revelar os mistérios do jogo, e com esperteza pode-se descobrir o que está acontecendo antes que o jogo revele a verdade.
São muitas as pistas, e de início elas poderão não fazer muito sentido, mas conforme o jogador avança, as coisas começam a se encaixar, e muito bem.
Além das pistas, outro tipo de colecionável contido no jogo são os Totens. Estes artefatos de origem indígena mostrarão visões ao jogador de fatos que podem ou não acontecer, dependendo de suas escolhas.
Existem 5 tipos diferentes de totens, cada um com um tipo distinto de previsão.
Eles são: Morte (prevê uma possível morte do personagem que o encontrou), Perda (prevê a possível perda de um amigo), Orientação (orienta o jogador em uma possível escolha futura), Perigo (alerta para uma possível situação de perigo)e Fortuna (uma visão de boa sorte).
Durante o jogo são 30 totens, 6 de cada tipo, que estarão espalhados pelos cenários ao longo do jogo.
É importante ressaltar que grande parte da graça de Until Dawn está no fato de coletar estes colecionáveis, ou seja, exploração e paciência para avançar são fundamentais para se aproveitar a experiência ao máximo.
Veredito
Until Dawn é acima de tudo um grande simulador de filme de terror, brincando com os clichês do gênero, porém dando certas reviravoltas a eles, além de ser repleto de sustos e muita tensão até o fim.
O sistema de escolhas funciona bem e dá ao jogador a real sensação de controle da história e dos destinos dos personagens. Porém, nem tudo são maravilhas, visto que os grandes trunfos do jogo, o sistema de escolhas e os mistérios a serem desvendados, também são suas maiores fraquezas, pois, uma vez que se tenha terminado o jogo, não há mais mistérios a serem desvendados e escolhas a serem realmente tomadas, pois na segunda vez o jogador estaria apenas selecionando opções diferentes pra “ver no que dá”.
Se você procura um jogo de horror com muita ação, passe longe, pois ação frenética é o que menos há em Until Dawn, onde você passará o jogo todo caminhando, coletando pistas e apertando botões, ou não, nos momentos certos. Porém, se você é um fã do gênero de horror, seja nos games ou no cinema, e gosta de um bom mistério e de uma experiência envolvente e imersiva, Until Dawn é um “pesadelo” obrigatório.
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